Suge Knight: O “urso” do rap que iniciou uma guerra mortal por poder contra Diddy
Preso por conta de diversos crimes e suspeito de outros, o ex-produtor de rap foi um nemesis para Puff Daddy, chegando a planejar a morte de seu rival
Sean “Diddy” Combs, está enfrentando “o inferno na Terra”, como é conhecida a prisão onde está detido nos Estados Unidos. Acusado de diversos crimes, como abuso e tráfico sexual, o produtor tem um passado sombrio que envolve outro nome misterioso e assustador: Suge Knight, o grande nêmesis de Puff nos anos 90.
Os primórdios do que é conhecido hoje como “rap gangsta” envolve diretamente Diddy com a Bad Boy Records, de um lado do mapa dos Estados Unidos, em Nova Iorque (Costa Leste), e Suge Knight do outro, em Los Angeles (Costa Oeste), com a Death Row Records.
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Suge e seu dom para o mal
Marion Hugh Knight Jr. ganhou o apelido de “Suge” em sua infância, no qual foi inspirado no “suge bear” (ursinho carinhoso, traduzindo para o português). O empresário não era nenhum pouco carinhoso. Ríspido, brutal, ameaçador e violento, são alguns dos adjetivos que o definem.
A lista dos nomes que ele ameaçou inclui rappers como Eazy-E, Notorious BIG, Snoop Dogg, Eminem, Dr. Dre e 50 Cent. Entre os crimes do qual já foi preso, estão assassinato, roubo, lesão corporal, violência doméstica, tráfico e por aí vai, em uma lista que inicia desde 1987.
As perversidades de Suge vem desde os seus primórdios no mundo artístico. Segurança do N.W.A – primeiro grupo de “rap gangsta” nos Estados Unidos -, ele se aliou ao rapper Dr. Dre, membro descontente do grupo, para deixar a Ruthless Records e montar a própria gravadora. A separação não foi cordial.
A gravadora da qual Dr. Dre estava vinculado era de propriedade de seu ex-parceiro no N.W.A, o rapper Eazy-E e o empresário Jerry Geller, que afirmou que Suge Knight intimidou Eazy-E com armas de fogo e tacos de beisebol para que ele cedesse os direitos musicais de Dre – a ameaça deu certo inicialmente, mas desencadeou uma briga na Justiça.
A Death Row (Corredor da morte, em português) foi um sucesso logo no lançamento do primeiro álbum de Dr. Dre, o “The Chronic”, com Eazy-E e Suge Knight continuando uma guerra que ia além da música. O rapper era membro da Southside Crips e o empresário dos Bloods, ambas gangues da Califórnia, e nas músicas de cada uma das gravadoras, ambas eram citadas.
Em 26 de março de 1995, Eazy-E morreu de AIDS no auge da disputa por protagonismo no “rap gangsta” com Suge e a Death Row. Teorias sobre um possível envolvimento do empresário, supostamente infectando o rapper com a doença viral por meio de drogas, chegou a ser debatida por diversas vezes no meio musical.
Recentemente, no podcast do influenciador estadunidense Logan Paul, o co-apresentador Mike Majlak voltou a levantar a hipótese, mas foi refutado pelo rapper Ice Cube, ex-companheiro de Eazy-E no N.W.A: “Se alguém te cutucar com uma dessas malditas agulhas, você sabe. Quero dizer, só estou dizendo… apenas diga que isso aconteceu, Eazy diria a alguém, ‘Esse filho da put* me cutucou com alguma merda!’”, teorizou o artista.
Suge se tornou um profissional do “rap gangsta” e quando Eazy-E faleceu, o empresário já trilhava uma guerra que terminou em tragédia para dois dos maiores nomes do rap de todos os tempos – e aí que entra Diddy.
Suge x Diddy
Para se entender como Diddy e Suge se confrontaram em uma batalha que levou a mortes sangrentas, é preciso entender a relação de dois outros nomes que alçaram os dois a um outro nível de disputa no rap: Tupac Shakur e Christopher Wallace, o Notorious BIG.
Os dois cantores, estrelas do rap, chegaram a ser amigos, mas tudo mudou quando Tupac foi baleado no mesmo prédio em que BIG estava, sobrevivendo ao ataque. Até o fim de sua vida, o rapper acreditou ter sido traído pelo então companheiro – nunca houve comprovação da ligação de BIG ou Diddy com o tiroteio.
Naquela época, Tupac também foi preso acusado de abuso sexual, estava sem dinheiro para pagar a fiança por conta do processo e decidiu assinar com Suge Knight, que tirou o rapper da cadeia. Como novo integrante da Death Row, Pac traduziu seu ódio em músicas e Knight em violência.
As coisas desandaram de vez em 3 de agosto de 1995, no The Source Awards, em Nova Iorque. Suge Knight cutucou Diddy e a Bad Boy Records em seu discurso, sendo retrucado pelo empresário, dando início a uma série de hostilidades no evento, que viria a desencadear vários episódios violentos que ganhou o nome de guerra entre Costa Leste e Costa Oeste e acabaria com a morte de Tupac e BIG.
Apenas um mês após o evento, em setembro de 1995, o amigo próximo de Knight, Jai “Big Jake” Robles, foi morto a tiros em uma festa de aniversário, enquanto entrava em uma limusine, com Knight acusando Diddy de envolvimento no tiroteio.
Em julho de 1996, a tensão subiu até o teto quando Tupac lançou o single “Hit em Up”, onde faz ameaças, debocha e xinga de todos os jeitos Diddy e seu grupo, e o principal: ele afirma que fez sexo com Faith Evans, na época esposa de BIG e artista da Bad Boy Records. A música fez sucesso e Combs já confessou que “dói até hoje”.
Em 7 de setembro de 1996, apenas dois meses após Hit em Up, Tupac foi baleado por quatro tiros em Las Vegas, Nevada. O rapper morreu seis dias depois, por conta de uma insuficiência respiratória que levou à parada cardíaca após a remoção do pulmão direito.
O único suspeito ainda vivo, Duane “Keefe D” Davis, foi preso no ano passado, após 27 anos do crime, por conta de entrevistas e um livro de memórias que o transformaram em réu. De acordo com as palavras de Davis, Diddy seria o mandante do crime e lhe pagou 1 milhão de dólares pela morte de Tupac.
Keefe D fazia parte da Southside Crips, rival dos Bloods, da qual Suge Knight era associado. Puff Daddy teria visto a oportunidade e o procurou para que ele executasse o assassinato de Tupac.
Segundo o depoimento de um informante da gangue à polícia, a Bad Boy Records de Diddy tinha um contrato de 1 milhão de dólares com a Southside Crips, do qual nunca foi repassado sobre o que seria.
Cerca de seis meses depois, em março de 1997, Notorious BIG viria a ser baleado na Califórnia, Los Angeles, em circunstâncias parecidas à morte de Tupac, sendo alvejado por quatro tiros enquanto estava dentro de seu carro, voltando de uma festa para o hotel.
O crime, assim como o assassinato de Tupac, nunca foi solucionado. Segundo informações de um ex-agente do FBI que trabalhou no caso por dois anos, o mandante teria sido Suge Knight, mas o alvo principal não era BIG, mas sim Diddy.
O crime teria sido cometido por Amir Muhammad, com o auxílio de policiais corruptos da cidade de Los Angeles, como David Mack, ex-oficial da LAPD acusado de conspirar para cometer o crime.
“Várias pessoas o ajudaram a orquestrar esse crime e o auxiliaram a puxar o gatilho. Trata-se da maior farsa armada pela justiça nos meus 20 anos no FBI. Tive acesso a evidências mostrando que policiais de Los Angeles estiveram envolvidos, que as investigações foram sabotadas por policiais e também por promotores de Los Angeles”.
Suge Knight, condenado a 28 anos de prisão por atropelar e matar um homem, além de ter outros crimes em sua ficha, está detido em Los Angeles e com a prisão de Diddy mandou um “recado” enigmático para o ex-rival:
“Vou te dizer uma coisa, Diddy, sua vida está em perigo porque você sabe os segredos de quem está envolvido naquela salinha secreta da qual vocês estão participando. Você sabe que eles vão te pegar se puderem…Você tem que tomar uma decisão: quando você for para a prisão, ou você vai mijar em pé ou agachado”, disse Suge.
“Eu te aconselho o primeiro, porque se você está agachado, você sabe o que isso significa. Não cumpra sua pena dizendo que se chama Brother Love [antigo nome artístico usado por Diddy], não é codinome legal por aqui”, completou.
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