Boulos aciona PF para exonerar Eduardo Bolsonaro por “traição ao país”
Deputado do PSOL acusa filho de Bolsonaro de atuar nos EUA contra interesses do Brasil e violar regras do serviço público
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL/SP) apresentou nesta segunda-feira (28/7) uma representação formal à Polícia Federal (PF) pedindo a demissão de Eduardo Bolsonaro (PL/SP) do quadro da instituição. Escrivão concursado da PF, Eduardo está afastado do cargo policial desde que assumiu mandato parlamentar, mas, para Boulos, sua atuação recente nos Estados Unidos rompe com os deveres de qualquer servidor público.
No documento encaminhado ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, Boulos sustenta que Eduardo agiu deliberadamente para prejudicar o Brasil, ao articular com o governo dos EUA medidas punitivas contra o país, incluindo sanções econômicas e pressões sobre autoridades como o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o procurador-geral da República.
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O psolista alega que tais ações configuram crime contra a soberania nacional, além de representarem violação do regime jurídico dos servidores públicos federais. Segundo a legislação citada, são passíveis de demissão condutas como improbidade, lesão aos cofres públicos e uso do cargo para fins pessoais ou em detrimento da função pública.
Além das articulações externas, Boulos ainda cita que Eduardo tem feito ataques reiterados à própria corporação da qual faz parte. Na semana passada, o deputado criticou duramente o delegado Fábio Shor, responsável por parte do inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado.
O caso será avaliado inicialmente pela corregedoria da PF. Se acatada a representação, um processo administrativo poderá ser instaurado, com a possibilidade de afastamento definitivo de Eduardo do cargo de escrivão.
Eduardo Bolsonaro é investigado em inquérito no STF por suspeita de envolvimento em articulações internacionais voltadas a interferir nos processos judiciais sobre os atos golpistas de 8 de janeiro. Ele também tem sido alvo de críticas crescentes da base governista por supostamente colaborar com pressões externas em favor de uma agenda antinacional.
Enquanto isso, sua situação na Câmara dos Deputados também é delicada. Licenciado desde março, Eduardo deveria ter retornado ao Brasil no último dia 20, mas permanece ausente. Com o fim do recesso parlamentar em 4 de agosto, ele começará a acumular faltas não justificadas, o que pode levar à perda do mandato.
Paralelamente, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro têm articulado para que Eduardo assuma um cargo em alguma secretaria estadual, o que permitiria novo afastamento do Congresso por tempo indeterminado, sem necessidade de justificar ausências.
Apesar da disputa política intensa, Boulos e Eduardo foram os deputados mais votados de São Paulo nas últimas duas eleições. O psolista liderou em 2022 com mais de 1 milhão de votos; em 2018, Eduardo bateu recorde histórico com 1,84 milhão de aprovação.
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