Putin usou Brasil como “fábrica de espiões” russos, afirma New York Times
Seis espiões russos foram identificados no esquema montado em território brasileiro

Nesta quarta-feira (21/5), o jornal americano The New York Times revelou detalhes de uma operação da polícia federal, iniciada há três anos, para identificar agentes espiões russos que atuaram no Brasil fingindo ser cidadãos brasileiros. As autoridades revelaram mecanismos do esquema da “fábrica de espiões” no país.
O esquema russo tinha o objetivo de consolidar novas identidades no Brasil para apagar o passo dos espiões. A ideia não era espionar o país, mas sim aproveitar os benefícios do passaporte brasileiro, que é um dos mais aceitos do mundo, com permissões para viagens sem visto em vários países. Outra vantagem identificada pelos espiões foi o fator multiétnico, que contribui para inibir suspeitas.
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Os agentes russos abririam empresas no Brasil e assumiram relacionamentos amorosos com pessoas brasileiras para aperfeiçoar os disfarces. Desta forma, conseguiriam ir para outros países, como Estados Unidos e nações do continente europeu e do Oriente Médio.
A polícia federal então trabalhou para identificar os espiões russos, um a um, nos últimos três anos. A investigação foi realizada com a ajuda de inteligência e de forma silenciosa e metódica para obter sucesso. Mas o ponto de partida foram os documentos falsos usados pelos profissionais russos.
O alerta inicial aconteceu em 2022, quando a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) enviou mensagem à PF sobre a identificação de um agente disfarçado do serviço de inteligência militar da Rússia. Ele havia se inscrito para concorrer a um estágio no Tribunal Penal Internacional, na Holanda, no momento em que a instituição começou a investigar crimes de guerra russos na Ucrânia.
O espião viajou usando um passaporte brasileiro em nome de Victor Muller Ferreira. Sendo que seu nome verdadeiro, segundo a CIA, era Sergey Cherkasov. Sem provas, a PF não pode atuar para prendê-lo no aeroporto, mas iniciou o monitoramento. Os policiais conseguiram um mandado e o prenderam pela acusação de uso de documentos falsos.
A polícia identificou que o nome de Victor Müller Ferreira, usado pelo espião, nunca existiu. Ele, porém, estava com uma certidão de nascimento autêntica, que apontava o nascimento no Rio de Janeiro em 1987. No documento, ele se apresentou como filho de uma mãe brasileira real, que faleceu quatro anos depois. Em seguida, a PF descobriu que a mulher citada nunca teve filhos.
A partir daí, a polícia começou a procurar “fantasmas” como esse. Outro russo, identificado como Artem Shmyrev, foi investigado. Ele usou o falso nome Gerhard Daniel Campos Wittich e se passou por um cidadão brasileiro de 34 anos, proprietário de uma empresa de impressão 3D, no Rio de Janeiro. Ele era casado com outra espiã russa e as mensagens trocadas entre os dois ajudaram as investigações brasileiras. No entanto, ele deixou o Brasil no final de 2022, antes que a PF o prendesse.
Neste processo, ao menos nove agentes russos foram identificados. Ao menos dois foram presos e outros deixaram o Brasil – mas tiveram seus disfarces expostos.
Apesar da relação amigável com a Rússia, as autoridades brasileiras encararam o caso como uma traição e decidiram agir. Os investigadores decidiram acionar a Interpol e expor os espiões que estavam sendo investigados por uso de documentos falsos.
De todos os seis identificados, apenas Cherkasov – o primeiro – permanece preso. Ele foi sentenciado a 15 anos de prisão, mas sua pena foi reduzida para cinco anos. O governo russo alegou que ele era um traficante de drogas procurado e apresentou pedidos para a sua extradição. As autoridades brasileiras, no entanto, afirmaram que a prisão era necessária que a polícia pudesse investigar as suspeitas de tráfico. Por conta disto, ele segue preso em Brasília.
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