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Semana foi marcada por atos racistas em jogos de brasileiros na Libertadores e Sul-Americana

5 dos 9 jogos de brasileiros nas competições da CONMEBOL foram marcados pelos crimes de racismo; clubes cobram por mais punições

          A semana foi marcada por duelos das oitavas de final da Libertadores e Copa Sul-Americana, com vários brasileiros entrando em campo mas, infelizmente, os crimes de racismo registrados em mais da metade desses jogos abriram novamente o debate para uma cobrança por mais punições, além de medidas de prevenção e reeducação.

          Dos nove jogos envolvendo brasileiros, cinco tiveram registros de casos de racismo: Botafogo x Palmeiras; Nacional (URU) x São Paulo e San Lorenzo (ARG) x Atlético-MG, pela Libertadores, e Boca Juniors (ARG) x Cruzeiro e Athletico-PR x Belgrano (ARG), pela Sul-Americana. 

          Nas quatro partidas em que não houveram registros de crimes de racismo, duas delas foram confrontos entre brasileiros:  Grêmio x Fluminense, pela Libertadores, e Red Bull Bragantino x Corinthians, pela Sul-Americana.

          A exceção no duelo entre sul-americanos ficou por conta de Flamengo x Bolívar (BOL), pela Libertadores, disputado no Maracanã, e Rosario Central (ARG) x Fortaleza, pela Sul-Americana, que aconteceu em Buenos Aires, no Gigante de Arroyito.

          Veja as fotos

          Torcedores do San Lorenzo foram flagrados fazendo gestos racistas para os atleticanos (Reprodução)
          Torcedores do San Lorenzo foram flagrados fazendo gestos racistas para os atleticanos (Reprodução)
          Torcedores do San Lorenzo foram flagrados fazendo gestos racistas para os atleticanos (Reprodução)
          Torcedores do San Lorenzo foram flagrados fazendo gestos racistas para os atleticanos (Reprodução)
          Torcedor fez gestos racistas para palmeirenses no Nilton Santos (Reprodução)
          Torcedor fez gestos racistas para palmeirenses no Nilton Santos (Reprodução)

          E as punições?

          Na partida entre Botafogo e Palmeiras, o ato racista aconteceu com um torcedor do alvinegro carioca imitando macacos e mostrando a pele branca para palmeirenses. O clube logo se pronunciou, cobrou a CONMEBOL, e tomou uma atitude rapidamente, identificando e banindo o infrator do estádio. No trabalho, o racista foi demitido.

          Aliás, as atitudes mais efetivas nos casos de racismo registrados aconteceram apenas em solo brasileiro. Além da ação adotada pelo Botafogo, a Polícia Civil do Paraná prendeu dois torcedores do Belgrano (ARG) que imitavam macacos para torcedores do Athletico-PR, em partida realizada na Ligga Arena, em Curitiba (PR) – os dois foram liberados após prestar depoimento.

          Nos casos ocorrdos na Argentina e no Uruguai, não tiveram sequer o manifesto das autoridades e dos clubes nos quais os torcedores cometeram os atos racistas – Nacional (URU), San Lorenzo (ARG) e Boca Juniors (ARG). 

          Os clubes mineiros do Atlético-MG e Cruzeiro soltaram notas cobrando medidas mais drásticas da CONMEBOL.

          “A luta contra o racismo é permanente e o Galo não pode se calar diante dos diversos e lamentáveis episódios racistas registrados novamente na noite de ontem, na torcida do San Lorenzo, na Argentina, mais uma vez em partida válida pela Copa Conmebol Libertadores. Enquanto não houver punições severas, iremos conviver com esse tipo de situação cruel e desumana”, declarou o Galo.

          “Precisamos dar um basta a este movimento criminoso com ações efetivas dentro e fora dos estádios. Racismo é crime e uma luta de todos”, cobrou o Cruzeiro.

          Já a CONMEBOL, responsável pela organização da Libertadores, não se manifestou. O ciclo dos casos deve seguir o fluxo normal da investigação.

          A entidade sul-americana deve abrir a investigação, dando o direito aos clubes se defenderem. Caso aplique alguma punição, os clubes podem ser multados em 120 mil dólares (R$ 657 mil) e obrigados a promover campanhas de conscientização.

          Reincidência

          Os atos de racismo nos duelos de brasileiros e outros sul-americanos se tornaram frequentes. 

          Recentemente, o Boca Juniors foi punido por atos racistas de torcedores em jogo contra o Palmeiras na Bombonera, pela Libertadores do ano passado. A pena cumprida foi o fechamento de 27 mil lugares do estádio, o que representa 50% da capacidade, além de uma multa de 100 mil dólares (R$ 547,5 mil), além da obrigação de hastear uma bandeira com os dizeres “basta de racismo”.

          Em uma outra confusão em um jogo entre Boca e Palmeiras, no Allianz Parque, jornalistas argentinos chegaram a ser presos no Brasil por racismo e levados imobilizados ao Juizado Especial Criminal (JECRIM) do estádio. Na ocasião, torcedores do alviverde ficaram indignados com os insultos e invadiram a área da imprensa, protagonizando uma grande confusão, com troca de socos e copos para o alto.

          Em novembro do ano passado, a semana da final da Libertadores, disputada no Maracanã entre Fluminense e Boca Juniors, foi marcada por confrontos entre brasileiros e argentinos na praia de Copacabana, em uma Fan Fest da organização da competição.

          Segundo a versão dos brasileiros, a pancadaria teria iniciado após provocações do lado argentino, que começaram a chamar os brasileiros com nomes e gestos racistas.

          Com o crescimento dos atos racistas, a tensão entre argentinos e brasileiros só aumenta e até mesmo o clássico entre seleções dos dois países foi marcado por pancadaria na arquibancada, no ano passado, em partida realizada no Maracanã.

          A falta de ações efetivas da CONMEBOL é um dos principais agravantes para esse aumento no racismo entre sul-americanos, principalmente de argentinos para brasileiros. Além disso, as próprias autoridades de polícia e segurança pública dos países sul-americanos, com exceção do Brasil, pouco tem feito para coibir os crimes.

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