Após derrota do IOF, Haddad diz que é “hora de vestir o uniforme do embate”
Durante evento na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), o ministro da Fazenda reforçou a defesa de um projeto progressista para o país

Em um discurso na Faculdade de Direito da USP nesta sexta-feira (27/6), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou a necessidade de reagir à derrubada do decreto que aumentava o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Segundo ele, o atual momento político exige mobilização e engajamento. “Não é hora de se recolher. Agora é hora de vestir o uniforme do embate, do bom debate público, do debate político, da disputa por ideias, por futuro, com as nossas armas, que é o conhecimento, a empatia, o bom senso”, afirmou o ministro.
A declaração ocorre dois dias após o Congresso Nacional revogar o decreto presidencial que aumentava a alíquota do IOF, medida que havia sido anunciada junto a cortes no Orçamento de 2025. A revogação, aprovada por ampla maioria na Câmara e confirmada simbolicamente no Senado, representa a primeira derrubada de um decreto presidencial em mais de três décadas.
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Durante sua participação no evento “Juventude, Democracia e os Novos Caminhos para a Política no Brasil”, promovido pela Associação dos Antigos Alunos e pelo Centro Acadêmico XI de Agosto, Haddad não poupou críticas ao modelo atual de ajuste fiscal, que, segundo ele, penaliza os mais vulneráveis e poupa os mais ricos. “No Brasil, o rico está no orçamento. São R$800 bilhões de renúncia fiscal. E o pobre está no Imposto de Renda. Ou seja, temos uma sociedade de ponta cabeça, em que a base da pirâmide sustenta o Estado e o topo não comparece com a sua justa parte para manter a sociedade funcionando”.
O ministro afirmou que o Brasil, apesar de ser uma das 10 maiores economias do mundo, também está entre os países com maior desigualdade, uma contradição, em suas palavras, “inaceitável”. Ele lamentou ainda que a desigualdade no Brasil seria, segundo ele, sua principal fragilidade. “É isso que nos enfraquece como nação”, disse ele.
Embora não tenha confirmado a judicialização, Haddad revelou já ter discutido com o presidente Lula a possibilidade de recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para reverter a decisão do Congresso. Segundo ele, o governo analisa três caminhos: buscar uma nova fonte de receita, fazer cortes adicionais no Orçamento ou seguir a via judicial, opção que ele pessoalmente defende.
Haddad também destacou que ajustes fiscais não precisam, necessariamente, significar retirada de direitos. “Já recebi várias vezes essa pergunta: ‘Haddad, porque a esquerda é contra o reajuste fiscal?’ Não é bem isso. É porque historicamente o ajuste fiscal é supressão de direitos no Brasil. Você fala nisso e o cara já fica tenso, pensando ‘quem é que vai pagar essa conta?’. Em geral, é quem ganha o salário mínimo, é o aposentado, é o servidor público, é o pessoal da periferia”, argumentou.
O ministro ainda aproveitou o momento para fazer um apelo à esquerda, pedindo a formulação de um novo projeto de transformação social que seja capaz de enfrentar o avanço das “forças obscurantistas”. Para ele, essas correntes ameaçam direitos, alimentam a desigualdade e devem ser combatidas com propostas progressistas sólidas.
Ao final da palestra, ao ser questionado por jornalistas, Haddad preferiu não antecipar qual será a resposta do governo ao revés no Congresso. “Vamos aguardar a posição do presidente Lula”.
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